Quando todos vêem que tens que mudar, querem ajudar-te, mas tu não consegues ver… Onde e como?!
Assim estava eu… tinha pessoas ao meu lado, com a mão
estendida para me ajudar a sair da minha zona de conforto. Era só eu
‘saltar’ e deixar o Espírito Santo fluir.
Mas eu não conseguia enxergar, e o medo bloqueava-me, impedindo de me lançar ‘de cabeça’.
Havia um desejo de mudar, de não ser mais a mesma, mas só isso não chegava; faltava algo mais. Comecei a sentir dor, e essa dor cada dia se tornava maior… e, ao invés de reagir para fora, comecei a fechar-me ainda mais. Como se a quisesse abafar dentro de mim.
Essa luta, entre grito e dor, queria que parasse e ninguém a visse. Como se isso fosse possível! Estava a olhos vistos… só eu é que não via, e comecei a ser consumida por dentro.
Sabem quando vamos ao dentista e ele nos magoa e não queremos voltar mais… assim eu queria fazer. Doeu! Não quero mais dor… comecei a rejeitar-me, estava incómoda, tinha uma guerra dentro de mim, ou vencia ou era vencida. E eu decidi: Quero ‘matar’ esta Ana, não quero mais ser como sou e comecei a odiar aquela condição. Cada atitude, pensamento, dúvida, medo, insegurança, timidez, a minha forma de ser, e nasceu uma indignação dentro de mim tão grande, que já não me suportava, desculpe a expressão, mas queria ‘vomitar-me’.
Fui para o altar – o meu esconderijo -lugar de sacrifício, ali eu sentia-me segura, e dei o meu grito! Não de boca, mas a minha alma gritava; tudo estremecia dentro de mim. Por dentro havia um fogo que não me deixava parar. Cada dia ia lá buscar o meu oxigénio.
Sacrifiquei! Que maravilha! Junto com o meu envelope ficou tudo o que eu odiava dessa Ana, eu sepultei-a e a esmaguei naquele dia. Continua na próxima semana…
Colaborou:
Ana Silva – Espanha